Crônica Literária

Autor: Laura McKinney
Data De Criação: 3 Abril 2021
Data De Atualização: 14 Poderia 2024
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Crônica Literária - Enciclopédia
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o crônica literária é um gênero narrativo contemporâneo, produto da aproximação entre o jornalismo e a literatura, em que são oferecidos ao leitor episódios reais (ou imaginários, mas enquadrados em contextos reais) narrados por meio de ferramentas e recursos literários.

A crônica literária costuma ser considerada um gênero de difícil definição, que mistura ficção e realidade, pontos de vista e dados de pesquisa à vontade, com o objetivo de oferecer ao leitor uma reconstrução muito próxima da experiência vivida. pelo autor.

Nesse sentido, o cronista mexicano Juan Villoro define-o como "o ornitorrinco da prosa", já que possui, como o animal, características de diferentes espécies.

  • Pode ajudá-lo: Short Chronicle

Características da crônica literária

Embora seja complexo estabelecer as características de um gênero tão diverso, a crônica costuma ser pensada como uma narrativa simples, com forte tom pessoal, em que um contexto histórico ou cronológico é oferecido como marco para os acontecimentos narrados.


Ao contrário da crônica jornalística ou jornalístico-literária, em que se cuida da fidelidade aos fatos verdadeiros, a crônica literária fornece descrições subjetivas que permitem transmitir suas percepções pessoais.

Em alguns casos, como em Crônica de uma Morte Anunciada por Gabriel García Márquez ou em Martian Chronicles de Ray Bradbury, este contexto serve mais como uma desculpa para explorar eventos inteiramente fictícios. Outras abordagens, como as de Gay Talese ou da ucraniana ganhadora do Prêmio Nobel Svetlana Aleksievich, buscam um efeito mais jornalístico, apegando-se às vidas de personagens reais ou eventos verificáveis ​​da história.

  • Veja também: Texto literário

Exemplo de crônica literária

"Uma visita à cidade de Cortázar" por Miguel Ángel Perrura

Depois de ler tanto Cortázar, Buenos Aires se torna conhecida. Ou pelo menos uma espécie de Buenos Aires: à francesa, cafés, livrarias e passagens, com toda a magia que este autor argentino lhe imprimiu do exílio.


E é que Cortázar optou pela nacionalidade francesa em 1981, em protesto contra a ditadura militar que assolava seu país, da qual havia saído, em desacordo com o peronismo, décadas antes. Indiscutivelmente, despojado da presença real de sua cidade, o autor de Amarelinha Procurou justamente criar a sua própria cidade, a partir da memória, da saudade e da leitura. Por isso, seus personagens nunca falaram como a Buenos Aires contemporânea, à qual voltou em 1983, quando voltou a democracia, mas sim como aquela remota Buenos Aires que havia deixado quando jovem.

Para um leitor Cortázar como eu, espanhol de nascimento, Buenos Aires tinha aquela aura mágica e paradoxal da vida real. Claro que não, ou não exatamente. A capital argentina é, certamente, uma cidade encantadora, de cafés e passagens, de livrarias e tendas.

Eu vi quando pisei nele pela primeira vez em 2016. Eu estava saindo de férias muito curtas, por apenas três dias, mas tinha uma missão secreta dentro de mim: reconstruir a cidade de Cortázar enquanto eu caminhava. Queria pisar nos mesmos lugares que o cronópio, queria beber os mesmos cafés que ele tomava e olhar a rua com os olhos, guiando-me em sua obra maravilhosa. Mas é claro que nem tudo sai como seria de se esperar.


O tráfego entre o aeroporto e a cidade era sombrio, à meia-noite, apesar das luzes em todos os lugares. Do avião, ele vira a cidade como um retábulo de luz, uma grade brilhante que irrompeu na vasta escuridão dos Pampas. Eu poderia ter dormido a maior parte do caminho, vítima do Fuso horário, se não fosse porque corria o risco de acordar, como o protagonista de "The night face up" noutro local, e sentir saudades da minha chegada à capital sul-americana.

Saí do táxi às duas da manhã. O hotel, localizado em Callao e Santa Fé, parecia tranquilo, mas lotado, como se ninguém soubesse, apesar da hora em que ele deveria dormir. Uma cidade alucinada e insone, muito sintonizada com a obra de Cortázar, pródiga nas noites sem dormir. A arquitetura ao meu redor parecia arrancada da Europa que eu havia deixado em casa doze horas atrás. Entrei no hotel e me preparei para dormir.

O primeiro dia

Acordei com o barulho do trânsito às dez da manhã. Eu havia perdido meus primeiros raios de sol e precisava me apressar se quisesse aproveitar os dias sombrios de inverno. Meu roteiro rigoroso incluía o café Ouro Preto, onde dizem que uma vez Cortázar recebeu um buquê de flores - não sei quais - depois de participar de uma carambola numa demonstração. É uma bela história contida em Cortázar para Buenos Aires, Buenos Aires para Cortázar por Diego Tomasi.

Queria também visitar a livraria norte, onde deixavam pacotes para ele, já que o dono era amigo pessoal do escritor. Em vez disso, saí em busca de um café da manhã em meio à onda de cafés com croissants e doces que compõe a confeitaria de Buenos Aires. No final, depois de caminhar e escolher por mais de uma hora, resolvi almoçar cedo, para ter energia e caminhar. Encontrei um restaurante peruano, verdadeiras pérolas gastronômicas da cidade que ninguém ou poucos falam, provavelmente por ser um elemento estrangeiro. E todos sabem o quanto os argentinos são resistentes ao exterior.

O próximo passo foi comprar o SUBE e um T Guide, mapa da cidade, e passar mais de uma hora decifrando-o, antes de desistir e pegar um táxi. Buenos Aires é um labirinto perfeitamente quadrado, não me surpreendi que a qualquer curva da esquina pudesse tropeçar na figura alta e esguia do cronópio, indo ou vindo em alguma missão secreta e impossível, como seus Fantomas.

Finalmente conheci a livraria e conheci o café. Fiquei surpreso com a ausência de placas em seu nome ou de figuras de papelão que o reproduzissem. Posso dizer que passei um bom tempo em cada lugar, tomando café e checando notícias, e nunca deixei de sentir sua ausência como companheiro fantasma. Onde está você, Cortázar, não consigo te ver?

O segundo dia

Uma boa noite de sono e algumas horas de consultoria na Internet tornaram a imagem muito mais clara para mim. A Plaza Cortázar surgiu como referência vaga, tanto quanto o Café Cortázar, repleto de fotos e frases famosas de seus romances. Lá encontrei Cortázar, um recém-criado na imaginação local, tão luxuoso em Borges, Storni ou Gardel. Por que não há mais Cortázar, pensei, enquanto vagava por trás de suas pistas misteriosas? Onde estavam as estátuas e as ruas com seu nome, os museus dedicados à sua memória, sua estátua de cera um tanto ridícula no Café Tortoni perto da Plaza de Mayo?

O terceiro dia

Depois de um almoço proeminente comedor de carne e de consultar vários taxistas, entendi: estava procurando Cortázar no lugar errado. A Buenos Aires do cronópio não era essa, mas aquela com que sonhei acordada e que estava escrita nos vários livros da minha mala. Lá estava a cidade que ele perseguia, como sonâmbulos, ao meio-dia.

E quando entendi isso, de repente, soube que poderia começar de volta.

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